No último semestre, a Maternidade Pró-Matre se encheu de alegria e música a cada semana. Com seu teclado, Paulo Paraguassú levou a Musicoterapia à UTIN e também às salas de pré-parto. E foram inúmeros os casos em que as notas musicais ajudaram a acalmar nossos bebês, confirmando os estudos que apontam a música como importante aliada na regulação da frequência respiratória do bebê e também na redução da ansiedade materna.
“Antes consulto as mães para saber se querem ouvir música e quais estilos musicais ou músicas elas ouviram quando estavam grávidas. São essas as músicas que irei tocar e cantar para seus filhos também. Não podemos tocar sem esta entrevista pois nos mostrará a identidade sonora do paciente”, explica Paulo, que já tocou em um parto de cesariana. “Foi uma experiência incrível, e a equipe médica gostou muito”, afirma.
Registramos um desses momentos musicais, com a presença da policial militar e cantora Tatiani Celeste, que faz parte do Corpo Musical da Polícia Militar do Espírito Santo (foto ao lado). Na ocasião, pacientes e colaboradores pararam para acompanhar a apresentação. Até mesmo as pacientes mais tímidas, deixaram suas enfermarias e se aproximaram do posto de enfermagem com seus pequenos.
A ideia de levar a música para a maternidade surgiu quando ele, no curso de Musicoterapia, estudou a disciplina “Musicoterapia no Ciclo da Vida”, em especial em UTI Neonatal. “Foi aí que procurei a Professora Letícia Peyneau, que faz um excelente trabalho nessa área, solicitando informações para essa atuação. Têm sido bons momentos de aprendizado e satisfação”.
Benefícios
Nas últimas décadas, houve grande avanço da prática clínica e da pesquisa em musicoterapia em UTI Neonatal, mostrando que a disciplina pode contribuir para o bem- estar do bebê e da sua família, atendendo às exigências parentais e às necessidades de cuidado individualizado, humanizado e centrado na família. Em uma recente análise de 16 ensaios clínicos, com intervenção realizada ou supervisionada por um musicoterapeuta treinado, a fim de investigar os efeitos da musicoterapia para bebês pré-termo e seus pais, os resultados revelaram grandes evidências da musicoterapia na regulação da frequência respiratória do bebê e na redução da ansiedade materna.
Na prática, são percebidos diversos impactos positivos da estimulação musical e da musicoterapia para as respostas fisiológicas do bebê prematuro, como a saturação de oxigênio, a frequência cardíaca e respiratória, os padrões de sono e vigília, a sucção não-nutritiva, o ganho de peso e a duração da internação.
Mas a diferença também pode ser feita em casa. “Se a mãe e o pai, ou só a mãe, cantavam ou conversavam com seu bebê enquanto estava grávida, continuar a estreitar esse vínculo é muito importante para estimular. Inserir o tom de voz dos pais na rotina da criança aproxima significativamente a relação entre eles”, afirma Paulo Partaguassú.
Além disso, a voz da mamãe deixa o bebê mais tranquilo e seguro, visto que ela é o primeiro tom reconhecido por ele. “Outro fator imperante é ouvir o compositor clássico Mozart”, sugere. “Existe um artigo científico que comprova o bem-estar e os estímulos sensoriais e motores desenvolvidos ao ouvi-lo. O artigo tem como título O efeito Mozart”.